30/04/2008

Preguiça de desenhar: as idéias vêm, mas ficar à toa é muito melhor.

29/04/2008

Melhor comentário da noite, da minha amiga Júnia. "Filme velho: é disso que eu gosto!"
Inauguração do novo prédio do CRAV. Ficou belíssimo, o pessoal da casa mais uma vez se superou.

27/04/2008

Tenho de me lembrar: blog não é diário. Diário, tirando você mesmo, ninguém lê.
Álcool e cigarros na sexta, ressaca e sopa Knorr no sábado, Velvet Underground (Some kinda love, em versão speedy), mais cigarros e café no domingo. Não é a felicidade, mas é quase!
Deviam fazer um concurso para o nome de blog mais esquisito. Há verdadeiras pérolas.
Sonhei que estava nas ruas do Centro. Deixei minha pasta em um estacionamento de motos ou coisa parecida e fui ao cinema. Quando voltei, encontrei a pasta, mas o seu conteúdo havia sido roubado. E o que havia na pasta? Tubos e frascos de tinta. O inconsciente funciona por metáforas e não sei o que o sonho pode significar. O que quer que seja, me causa alguma estranheza. Apenas isso.

21/04/2008

Apenas uma vez

Once (Apenas uma vez) é mais um musical com roupagem nova. A trajetória de um cantor (chato) para formar uma banda (chata) e fazer sucesso serve de pretexto ao filme, que adota um estilão mais “realista”, à diferença de outros que comentei aí embaixo. Tomadas de câmera tremidas, cenas meio escuras, o filme segue a cartilha atual do que se entende hoje por realismo, sem a radicalidade de um, digamos, Robert Bresson, afinal, precisamos faturar. Então o rapaz encontra a garota, mas ambos estão ligados a relacionamentos antigos e não querem rompê-los. Cada um com a sua dor, eles estão empenhados mesmo é em fazer música, o que rendeu ao filme um Oscar de melhor canção (chata). Não quero cobrar verossimilhança a um filme como esse, mas, a certa altura, a moça pobre, em cuja casa vizinhos pobres e imigrantes vêem televisão, aluga nada menos que um estúdio para gravarem um CD. O final, pelo menos, evita o clichê: o cara volta para a ex, e a moça volta para o maridão. A banda, porém, acabará fazendo sucesso, como deve ser num musical (chato).
Aos domingos, sempre que ligo a TV na Rede Globo, seja no horário que for, me vem à cabeça a insistente pergunta: por que, com mil demônios, estou vendo isto?

17/04/2008

Esse é punk!

Pensei que eu fosse revoltado (é claro, passei dessa fase, agora eu quero mais é ser inserido). Mas deêm uma conferida no gajo: http://vagabundoeburro.blogspot.com/

16/04/2008

Porque odeio o Orkut

Deu na Folha: "o Ministério Público computou 56 mil denúncias de pedofilia nos últimos dois anos. Mais de 80% delas envolvem o serviço de relacionamentos Orkut. (...) Alguns exploradores da pedofilia encontram no Orkut uma ferramenta para instituir clubes virtuais de perversão." Vade retro, tesconjuro!

14/04/2008




Hitch

Para Hitchcock, cinema deve ser sinônimo de eficiência. É a partir dessa eficiência que extrai o máximo para galvanizar a relação filme-espectador, a qual o velho mestre considera o fim último da atividade de um diretor. Num set de filmagem, portanto, atores devem limitar-se a cumprir as determinações ditadas pela seqüência das tomadas de câmera: “atores são como gado”, disse certa vez. Ao rodar um filme, a narração e a fidelidade ao roteiro são a prioridade máxima do cineasta. Aqui, a ação narrativa se desenvolve preferencialmente através da imagem: original do período mudo, Hitchcock sabe que é a imagem quem dita o curso dos acontecimentos, mantendo o espectador informado de tudo quanto se passa no filme, auxiliando-o a compreender a trama. É por aí, finalmente, que se produz o tão celebrado suspense, resultado da emoção gerada no espectador através da montagem dos planos.

10/04/2008

Bispo

Não sei há quanto tempo estou aqui.
No início, cheguei a pensar que estivesse de fato louco.
Hoje, entendo as razões dos homens para me prender.
Transito na linha de tangência entre lucidez e loucura.
Com fio e agulha, reconstruo o mundo ponto por ponto.
Sou um funcionário, antes de mais nada.
Registro o que vejo em minha jornada sobre a Terra.
Elaboro a lista de todos os engenhos humanos,
Costuro o manto das coisas fantásticas, fabulosas, sagradas e bizarras.
Refabrico a galáxia, com seus milhões de estrelas,
planetas, asteróides, nuvens noctulescentes, poeiras,

corpúsculos, nebulosas e buracos negros.
Leio o livro que contém todos os outros.
Escrevo o livro de areia, passo ao mundo dos espelhos.
Nomeio os bichos que entrarão na minha arca.
Tudo que existe e que se move viajará comigo,
rumo ao encontro final com Deus.
Porque d’Ele recebi esta missão.
A missão de reunir as coisas que andavam dispersas ou expatriadas.
O basilisco, os dragões, os macacos, os pássaros de fogo,
a corda dos enforcados, a navalha do barbeiro, a cadeira dos réus,
o ringue dos pugilistas, a proa dos navios, o baton das prostitutas,
os caquinhos do muro, as canecas, as congas dos internados,
a cama, o penico, os aviões, os pássaros, a flor, os amores insepultos,
as garrafas de pinga e de cerveja, o chicote, os tênis, os carros, as bicicletas,
a torneira, em seu capricho industrial, as muitas noites indormidas,
os males do corpo e da mente, os instrumentos, as ferramentas,
as músicas, as mulheres que amei, os homens que não conheci,
tudo isso estará comigo no paraíso.
Vou tecendo com agulha e linha, que retiro de guarda-pós,
Também as palavras – todas as palavras – que dão sentido à vida,
pois elas são, enfim, a vida mesma, em estado latente.
Para uns, isto é substituir Deus. Para mim, é servir Deus.
Afinal, eu sou o Bispo, Arthur Bispo do Rosário,
Senhor do infinito e dos labirintos, escrivão do universo,
arquiteto das pirâmides, das odisséias, dos colossos,
das estátuas e dos monumentos, bibliotecário de Babel,
fundador de Orbis, Tertius e Uqbar, irmão de Funes, o memorioso,
urdidor das preces, das poesias e dos milagres não concretizados,
fabulador de todas as histórias, lidas ou não lidas,

ouvidas ou olvidadas, contadas ou não contadas.
E não sairei de dentro dessas quatro paredes, enquanto não terminar esta obra.


09/04/2008

Ferro velho blues

Volto ao ar insalubre das ruas sem saída.
Errei por aqui muita vez em busca de mim mesmo.
De tudo, guardei apenas cicatrizes e incertezas.
Olhos e mente sobrecarregados.
Vi o suficiente, vivi o suficiente.
Fiz parte da canalha. Apertei mãos viscosas, beijei faces obesas.
Senti a lâmina fria da mentira e do orgulho.
Chamado de ridículo, cínico e hipócrita,
Agradeci os elogios e rumei em sentido contrário.
Cheguei a pensar que houvesse tempo.
Mas os relógios estão parados, as horas estão paradas.
Como um navio em naufrágio, posso sonhar que ainda vivo.
Mas já é tempo de partir.

Cometi outros, além dos versos da juventude. Este poema (imperdoável) é de 2005, por aí. O sentimento não mudou. A poesia incerta, meio fajuta, também não.

Quem tem tempo de ler blogs?

Neófito nesta área, percebo que existe perto de um zilhão de blogs na internet. Quem tem tempo de ler tudo isso, mesmo que sejam apenas os de sempre, na listinha dos favoritos?

04/04/2008

Nietzche, atualíssimo

"...certamente far-se-á bem em separar o suficiente o artista de sua obra para não levá-lo tão a sério quanto a obra. Ele é, decididamente, apenas a condição principal, o seio materno, o húmus, em certos casos, o adubo, o estrume sobre o qual ela brota." Em Genealogia da moral

Você sabia?

Que Pasolini foi co-roteirista de Noites de Cabíria, um dos primeiros filmes de Fellini? Que o grande maestro de Rimini (lê-se "Rímini"), por sua vez, foi assistente de direção em alguns filmes de Rosselini? Que François Truffaut participou da elaboração do roteiro de Acossado, de Jean Luc Godard?

03/04/2008

Greed

Pertenço ao reduzido grupo de privilegiados a ter pousado os olhos em Greed (EUA,1925), de Eric von Stroheim. O filme foi lançado unicamente em LD, há coisa de uns 15 anos, quando essa mídia era caríssima. Para mim, Greed está entre os 10 melhores filmes de todos os tempos; sua versão original teve cerca de 10 horas de duração e foi vista por uma platéia seleta. A cópia lançada comercialmente na época foi editada pelo produtor Irving Thalberg, que "mutilou" o filme, segundo Stroheim, reduzindo-o para 4 horas. Ao ver o resultado, Stroheim amaldiçoou Thalberg e pediu as contas na MGM. Para a indústria, terminou marcado como “artista”, amargando um injusto esquecimento após o advento do filme sonoro. Como bem disse o Gilles Deleuze, “a história do cinema é um grande martiriológio”. Em tempo: por enquanto, não há previsão de distribuição do filme em formato dvd.

01/04/2008

Foucault

Foucault (pronuncia-se "fucô") é um dos meus pensadores preferidos. Vejam o que ele diz para contestar a idéia (metafísica) de que o homem possui uma faculdade superior, suficiente para revelar a verdade sobre todas as coisas: "Não podemos dizer: o homem é isto ou aquilo. O homem não pára de mudar, e não sabemos do que é capaz." O pensamento foucaultiano foi acompanhado também da ação política, e ele enfrentou a polícia em várias ocasiões. E o que ele diz sobre a coragem? "...só existe a coragem física, a coragem é sempre um corpo corajoso." Há muito ainda de e sobre Foucault. Aguardem para breve.