04/08/2008

Desenvolver uma pesquisa, escrever um livro, é um ato que demanda a solidão dos loucos. Nessa caminhada em busca de dar ordem ao caos, de organizar o infinitamente inorganizável, desbrava-se um território inexplorado, tendo por companhia unicamente textos de outros autores e o seu próprio. Fala-se sozinho, conversa-se com a morte*, constrói-se, a golpes de frases exaustivamente escavadas na pedra do desconhecimento, algo que ainda não existe, algo que espera por tomar a forma da escritura. Ao louco mistura-se o demiurgo: o homem que escreve é um deus enlouquecido, possuído pela idéia de dar forma e sentido ao mundo, de tentar controlar o universo. Muitos enlouquecem de vez nessa jornada. Tenho medo que eu seja um deles.
*Escrever sobre o passado é falar com a morte.

3 comentários:

Alice Salles disse...

nossa... pois é.
exatamente esse meu medo também.
quem sabe só assim, depois dessa loucura induzida por tanta solidão e entrega é que cheguemos até alguma verdade...

Paulo Barbosa disse...

A verdade é, talvez, inalcançável. O caminho para buscá-la, porém, existe. Só esse caminho interessa percorrer, nenhum outro.

Alice Salles disse...

Oi Paulo!
Obrigada pelo comentário!
Sim, conheço ebm aquela música pro Paul, "and all you've done was Yesterday..." É de matar, por isso que eu acho que os dois mereciam alguma reconciliação! ahha

E adorei a resposta que você deu aqui pro meu comentário.

Um abraço.