29/02/2008

Franz Mazoputz

Fiz esta hitória há algum tempo. Foi publicada por uma revista de cujo não me lembro e que durou um único exemplar. Ficou muito engraçada, e os desenhos são muito loucos. Divirtam-se.

28/02/2008

Tempus fugit

Criei este cartaz para ilustrar a passagem do tempo, inspirado nas fachadas das casas da Lagoinha. Um cara malicioso chegou-se a mim e disse que o desenho estava cheio de conotações políticas. Respondi a ele que não, não tinha nada de política. Eram apenas as casas da Lagoinha...

Kriptonita

Esta foi publicada no saudoso "Metralha", jornal de uma turma de malucos da UFMG que tive a vã glória de dirigir. Algumas pessoas recortaram a folha do jornal para colar a figura em escaninhos.

Cartografia da alma

Foto recente. As rugas e cicatrizes são o mapa do tempo decalcado na minha cara. Tamos aí.

27/02/2008

Samuel Fuller

Todo mundo se lembra de Um Estranho no ninho (One flew over the cuckoo's nest, Milos Forman, 1975), filme que marcou definitivamente a carreira de Jack Nicholson. Aqui, Nicholson faz o papel de um cara normal internado numa clínica de loucos por conta de seu comportamento irreverente. O que pouca gente sabe é que a matriz original desse filme é Paixões que alucinam (Shock corridor, 1963), de Samuel Fuller, diretor considerado por Jean Luc Godard e pelos "jovens turcos" da nouvelle vague entre os melhores em atividade na década de 50. Paixões que alucinam conta a história de um repórter ávido por receber o prêmio Pulitzer. Para tanto, ele se interna voluntariamente num manicômio a fim de descobrir a identidade do assassino de um paciente. Isso não estava nos planos, mas o repórter vai enlouquecendo aos poucos, em razão do tratamento aplicado aos internos da clínica. Ele termina por perder completamente o juízo, não sem antes descobrir, num enfermeiro do sanatório, o assassino que procurava. Afora a trama genial, o filme é povoado de figuras sinistras (como o diretor da clínica, um Caligari redivivo), fazendo uma radiografia dos personagens norte-americanos típicos de meados do século.

Outra de sindicato


Idéia ok, desenho ok, lay-out ok, cores ok. É, eu costumo ser bom nisso.

26/02/2008

Not so long ago...



Cartaz que fiz em 2006. O desenho ficou supimpa!! Adorei.

It's been a long time


Cartaz que fiz em 94. A turma gostou.

Historinha sindical


Vejam aí uma história que fiz recentemente fiz pro sindicato Senalba.


De alma lavada

De alma lavada. Foi a sensação que tive quando vi a matéria na Ilustrada sobre a revista Front. O crítico Pedro Cirne dedicou um parágrafo inteiro à minha história, "Transcurso", o que me deixou nas nuvens. Bem, após todos esses de trabalho duro pelos quadrinhos é muito gratificante ver que alguém está entendendo o recado. Confiram lá: http://www.masquemario.net/images/front19/front-na-folhasp.jpg

24/02/2008

Lamentações de Jeremias

Dediquei perto de 6 anos ao mestrado. Foram 3 anos de imersão no mundo do cinema, para elaborar o projeto, e mais três anos para escrever o trabalho. Bem, o texto final foi elogiadíssimo pela banca e só o que posso dizer é que suei sangue para concluir a escrita. Até ontem ainda estava ligado na tomada, a 220 volts. Agora que volto lentamente ao mundo real, percebo que o mestrado não vale muita coisa aí fora. As pessoas contratam por outras razões e critérios. E o que eu pensei que fosse virar um livro, está a passo de boi. Não larguei o emprego, continuo ganhando uma merreca e também não fui contratado magicamente por uma escola. Respondam depressa: há vida após o mestrado?

Trenzinho do caipira



Adoro este cartaz. A idéia, modéstia às favas, foi genial. Todo mundo entendeu e gostou. O trem ficou muito bem desenhado também.

Mau humor em gotas, que vaya con dios

Meu último blog, o mauhumoremgotas, morreu de falência múltipla dos órgãos. Em seus extertores, ele começou a ter 20 a 30 visitas diárias. Foi impressionante, nunca tive tanta popularidade. Bem, espero que este blog repita o mesmo sucesso. Alguns posts eu salvei, outros eu perdi irremediavelmente. (Na hora da raiva, a gente joga muita coisa fora.) Mas é isso aí. Longa vida ao Humor à la carte!!

22/02/2008

Confissões de um rocker

Quando eu era menino, havia Stones, Beatles e Ramones tocando no rádio. Os discos ainda eram bolachas de vinil, e música não se parecia com o negócio ruim e escroto de hoje. Meu primeiro disco foi uma coletânea do J.S. Bach, em versão para órgão “moog”. Depois veio um do Kraftwerk. Teve um Led Zepellin que roubei nas Lojas Americanas, na cara de pau. Nos anos 80, o melhor eram as bandas pós-punk, cujas músicas eu ouvia em rádios alternativas. Só fui ter acesso aos discos no final dos anos 90. O “Closer”, do Joy Division, por exemplo, comprei em 1996, num sebo. Foi onde comprei também uma ótima coletânea do Bauhaus. Até hoje me pergunto que fim levou o vocalista do Bauhaus. Na época, ele encarnava o lado maldito do rock. Será que se tornou um senhor gordo e careca, cuidando do seu jardim inglês?
A vida não é ruim quando se têm cigarros de palha, café e os blues do Howlin Wolf. Durante um bom tempo, foi só o que ouvi. “Você misturou a minha bebida com uma lata de corante vermelho do diabo. Aí sentou e assistiu, esperando que eu morresse. Estou te deixando mulher, para não cometer um crime”. É, o cara não teve uma vida fácil.

Magros e calóricos

Se um dia rolar, "Magros e calóricos": este deverá ser o título de meu próximo livro de charges. Foi a partir da observação cotidiana do comportamento dos políticos que acabei chegando à conclusão de que essa classe pode ser dividida em dois tipos básicos e irrecorríveis: os magros e os calóricos. Ressalvando-se, conforme nota o agudo Nelson Rodrigues, que há canalhas em grande quantidade também entre os magros, a imensa maioria dos vilões da cena política nacional e estrangeira é de figuras nutridas e adiposas (se não são gordos, um dia vão ser: o poder não só corrompe como engorda). E os cartunistas sabem disso muito bem, pelo menos desde a difusão maciça da primeira charge de que se tem notícia, na França (depois eu conto essa história). O mau-caratismo político expressa-se muito eficazmente na superabundância lipídica dos plutocratas e ditadores de plantão. Já ao magro, coitado, é sempre reservado o papel daquele que passa o chapéu, atrás das esmolas miseráveis dos que têm pão na arca... Bem, é isso aí. Tomara que um dia o livro saia. Enquanto a publicação não vem, leio os jornais e recolho material, suficiente para editar um calhamaço. Isso leva tempo, eu sei. Mas a julgar pelo rumo das coisas, um trabalho como esse tão cedo não perderá a atualidade. Embora eu gostaria que perdesse...

O fim do assovio

Ivan Lessa, jornalista do indefectível Pasquim nos anos 70, disse certa vez que deixaria o Brasil em favor da Inglaterra, porque não suportava mais a mania do brasileiro de assoviar. A julgar pelo que se vê nos ônibus, nas ruas, nos botequins, nas praças e nas residências do país hoje, o Lessa já pode voltar: o cenário parece ter sido completamente tomado por estranhas e quase invisíveis máquinas, dotadas de minúsculos fones de ouvido, denominadas i-pods (alguém me explique o que significa isso) ou palms (outra incógnita). Os maravilhosos virtuoses do assovio de um passado não muito distante foram, assim, condenados ao exílio, onde amargam um silêncio somente quebrado, vez em quando, por saudosistas bucólicos nos recônditos sertões desta nacionalidade. Há coisa de duas décadas, pelo menos, antes da invenção dos grandes e ensurdecedores head-phones (alguém se lembra?), o assovio era uma instituição nacional. Você entrava no ônibus, e não dava outra: lá estava um pobre-diabo (muitas vezes de chapéu) soprando a melodia triste por entre os lábios em forma de u. Invariavelmente, o camarada trazia uma bolsa a tiracolo (daquelas cujas tiras funcionavam também como fecho), na qual guardava a marmita, ainda quente, possivelmente com um ovo cozido, repolho e outros quitutes típicos dos marmiteiros. As canções que executavam, com o consentimento tácito dos outros passageiros, eram melodias perdidas no tempo, evocações de um passado interiorano qualquer, quiçá remontando ao Brasil Império, levadas aqui e acolá para afastar os maus espíritos do trabalho pesado e mal-remunerado. Pelo menos em mim, que assistia a tudo meio atônito, esses assovios melancólicos batiam como uma espécie de bálsamo a atenuar as muitas mazelas adivinhadas naquelas biografias miseráveis. Mas os bons assoviadores de BH não estavam somente nos ônibus: também pelas ruas e avenidas da cidade era comum que se ouvissem assovios cheios de ecos, com silvos longos e sincopados, em harmonias barrocas e, algumas vezes, até modernas. Na praça da Estação, então, isso era regra: pelos bancos e jardins da praça, sempre havia um retirante qualquer embasbacado pelos edifícios altos como gigantes, tirando de ouvido a música de um interior longínquo, a plenos pulmões, para o conhecimento dos surpresos transeuntes. E a coisa se disseminava também em outras esferas: um amigo meu de colégio, hoje saxofonista de boa água, era capaz de improvisos jazzísticos de fazer inveja a Charlie Parker e John Coltrane, após muitos e necessários goles de cerveja. Ao que me lembro, a tradição do bons assoviadores chegou mesmo a ser registrada em alguns shows de calouros, tipo Sílvio Santos, em que os caras lutavam bravamente pelos seus merecidos 15 minutos de fama, imitando passarinhos e quetais. Bem, hoje tudo isso está ameaçado pelos malditos i-pods. E alguém me explique que diabo significa isso.

Postado por Paulo Barbosa às 01:34 0 comentários