28/10/2008

A perfect day

Eu hoje suportei bem o fato de que tudo está definitivamente perdido. Não dei a mínima para ódios e mágoas antigas, justificados ou não, passei ao largo do mau humor compenetrado de chefes e colegas de trabalho, ignorei impávido a ação inclemente do tempo no meu corpo. Saudei e fui saudado por muitos, nem liguei para travos e amarguras, tive um não sei quê de serenidade com os outros, transitei com estoicismo único até por ex-mulheres com as quais cruzei eventualmente pelo caminho, à forma de um trem desgovernado. Rebobinei secretamente antigos planos-sequência da minha vida, entendi muita coisa e desejei até felicidade a todas as figuras muito sacanas que habitam os sete quartos desta memória. Nem mesmo tive ou tenho vontade de dizer meia-dúzia de verdades, como é do meu feitio: chega, basta, vão todos para o diabo. Sublimei inclusive o calor miserável que está fazendo. Não fumei, não bebi, não cheirei, tampouco deitei-me com aquela beldade. É um dia desastrosamente perfeito. E vou indo incrivelmente bem, obrigado.

2 comentários:

Alice Salles disse...

Voce e o ultimo dos romanticos.

Paulo Barbosa disse...

Estou começando a achar que está coberta de razão.