09/10/2008

Quando voam as cegonhas

"Soy Cuba" (Mikhail Kalatozov, 1963) está incluído, para mim, entre os cinquenta melhores filmes de todos os tempos. Acrescento outro do Kalatozov à minha lista: "Quando voam as cegonhas" (União Soviética, 1957). Stálin morrera em 1953, e ares de liberdade começaram a soprar sobre o império soviético - ao menos no que dizia respeito ao cinema. Há uma retomada de experimentações do construtuivismo russo pós-revolução, condenadas ao opróbrio pela censura stalinista, que considerava "formalismo" tudo que fugisse à estética do realismo socialista. O novo cinema soviético então atravessava a fronteira e despontava nos festivais europeus. "Quando voam as cegonhas", por exemplo, ganha o festival de Cannes daquele ano, mostrando uma história de amor durante a II Guerra Mundial, tendo a Rússia como cenário: rapaz separa-se de namorada para lutar na guerra e acaba morrendo nas frentes de batalha. O filme é narrado com extrema competência, em planos belíssimos, nos quais a câmera tem um participação fundamental, ao procurar as melhores angulações, posições e movimentos. A fotografia é impecável, fazendo opção por um preto-e-branco mais contrastado, mas ainda com muitas nuances de cinza. Os planos-sequência são lindos e lembram os de "Soy Cuba". Ecos desse tipo de cinematografia (fundada no plano-sequência) podem ser ouvidos ainda hoje, por exemplo, em "Arca russa" (Sokurov, 2002).

2 comentários:

Alice Salles disse...

a moca do filme, se eu nao me engano Tatyana Samojlova, eh de uma beleza tao delicada, imagino se fez mais filmes...

Paulo Barbosa disse...

Sim, a moça é muito suave.