11/12/2008

Vicky Cristina Barcelona

Os filmes do Woody Allen são melhores do que uma boa sessão de psicanálise. Vicky Cristina Barcelona não foge a essa regra e envereda pelas antigas obsessões do cineasta, como as relações entre casais, sempre à beira do fracasso. trata-se de um filme na linha do "Manhattan", "Crimes e pecados" e "Maridos e esposas", na contramão da sua tendência bergmaniana, mais trágica. Eu vinha gostando de todos até aqui, principalmente dos últimos, mais afins com a tragédia do que com a comédia de costumes(destaque para O sonho de Cassandra, talvez o melhor de todos). Vicky Cristina Barcelona é um filme mais leve, mais feminino. O texto revela o mais puro Allen, com todos aqueles diálogos bem escritos, ultra-bem-humorados, meio rasos, mas sempre exemplares de uma certa instabilidade nas relações amorosas. A coisa toda funciona às maravilhas, a trama girando em torno de um quadrângulo amoroso, com aventuras sexuais impensáveis e pitadas de Miró, fotografia, poesia, vinho e pintura abstrata. Não é o the very best of mr. Woody Allen, com certeza, mas é dos grandes. Saí do cinema com a sensação de ter deitado no divã do Freud.

Um comentário:

Alice Salles disse...

Você pescou algo certo aí, "diálogos rasos"! É isso mesmo, é por isso que eu ficava a espera de qualquer coisa mais que nunca veio. Adorei o filme, mas solução nunca existe quando o assunto é Woody Allen....