16/05/2009

Talarico, gentle giant

Dois metros e meio de gentileza, bom humor e tranquilidade, típicos dos naturais de Juiz de Fora (minha mãezita é de lá): conheci o Talarico na redação do extinto "Felicíssimo", o "único jornal do mundo só de notícias boas". Eu e o Tala jamais concordamos com esse acróstico que o dono do jornal teimava em pespegar-lhe. Anarquizávamos as doze páginas do mensário com nossas charges venenosas, dando-lhes um caráter mais crítico do que felizinho de merda. Provavelmente isso gerou o ódio gratuito do chefe pelo Tala e a sua consequente demissão. Fiquei lá até o "Felicíssimo" fechar (eu e o cozinheiro geralmente somos os últimos a deixar o navio). Mas a amizade com o Tala se conservou. Certa vez, protagonizamos um episódio curioso: a antevéspera da morte do Tostão, um anão cabeçudo e de olhos esbugalhados que vendia jornais no Maleta. Saímos do "Felicíssimo" e fomos beber no Lucas, quando apareceu o Tostão, vociferando as últimas manchetes do "Diário da Tarde". Bêbados, caricaturizamos a figura folclórica na toalha do bar. Qual não foi a nossa surpresa ao deparar, no dia seguinte, com o obituário do anão, numa sarjeta da rua da Bahia, morto pelo paralelepípedo de um mendigo! Depois disso, eu e o Tala bebemos juntos em muitos outros lugares e ocasiões: em Juiz de Fora, Ouro Preto e BH (ganhei dele um quadro maravilhoso: "Pessoas em groove"). Só perdi o contato com o Tala quando ele se mudou para Porto Seguro com uma garota. A moça viciou-se em crack e o deixou sem casa e sem rumo (mas não sem humor), pelo que acabou voltando a BH. Sei que se casou e hoje vive contente e feliz em Juiz de Fora com mulher e filha, de onde comanda seu blog . É como dizia meu pai: ninguém nasce em Juiz de Fora impunemente.

Um comentário:

Alice Salles disse...

UFA!
Essahistoria teve final feliz...