04/09/2008

Georges Méliès

O que dizer ainda de Méliès? Que, à estréia do cinematógrafo Lumière em Paris, era, já então, um bem-sucedido diretor de teatro? Que superou em maestria o grande Robert-Houdin, fundador da mágica moderna? Que fez de sua arte um híbrido entre cinema, mágica e teatro, num momento em que esses limites não estavam exatamente definidos (graças a Deus)? Que antecipou muitas das trucagens do cinema de animação? Que deu origem a um sem-número de seguidores? Que é o grande mentor dos efeitos especiais no cinema? Em seu apego às regras do teatro de variedades, numa altura em que não se sabia o que o cinema deveria ser, Méliès construiu uma obra fundada no artifício, uma obra cuja indiferença aos ditames do realismo (ali ainda nos cueiros) atravessa os séculos com um extraordinário sabor de novidade. Ver Méliès é como ver cinema pela primeira vez, sobretudo nos dias de hoje, em que esta mídia tornou-se algo tão monolítico, tão aferrado à narrativa linear. É sempre bom voltar ao velho mágico, para se conferir outra hipótese de fazer cinema, mais visceral, mais artística, mais heteróclita. Méliès rules.

3 comentários:

Alice Salles disse...

e eh o que falta no cinema atual! meu deus...

Bira disse...

Melies é hors-concours!
Mas, vc tem em DVD?
E quanto ao Quixote de Welles, vc tem?
Rapaz, a revista Quixotesca está sendo impressa.
Veja algumas novidades no blog.
Um baita abraço!

Paulo Barbosa disse...

Passados 70 anos da morte do mágico e cineasta, saiu uma caixa com 173 filmes de Méliès, disponível na Amazon Books. Vi duas vezes, todos os filmes. É uma fonte de inspiração para quem pensa em outros caminhos para as imagens móveis. Abraço, grande Bira.