30/11/2008

O gênio, assim como o demônio, está nos detalhes. "Queime antes de ler" dá sequência à fieira de filmes brilhantes dos irmãos Cohen. Trata-se de uma comédia, como seria mesmo de bom alvitre, depois do realismo cru de "Onde os fracos não têm vez". Estão lá todos os elementos que fazem dos Cohen os melhores diretores hoje em atividade: humor, violência e tramas sinuosas, extremamente bem construídas. Nos detalhes (e isso é o melhor do filme), a crítica mordaz ao modus vivendi americano: uma mulher que quer fazer plástica e lipo, mas o plano de saúde não cobre. Um agente da CIA demitido por alcoolismo que não passa de um idiota (ele é traído pela mulher, que o trai também com um idiota da televisão. O homem que come a mulher do ex-agente da CIA, por sua vez, é um paranóico e viciado em sexo.) O Brad Pitt (finalmente os
Cohen tiveram dinheiro para contratar atores de primeira linha. É o efeito Oscar), imaginem só, é morto pelo cara que come a mulher do agente. (É sensacional matar o Brad Pitt, pensem bem. Nesse caso, ele tem de ser um personagem secundário, anódino, como de fato é, no filme). No final, tudo vira uma tremenda bagunça e a CIA se envolve para "limpar" a sujeira. E os caras da cúpula da CIA balançam a cabeça, falando: "Mas que porra foi que nós fizemos...", à semelhança do final de os "Os fracos não têm vez". É uma comédia sardônica, sem perdão. Merece ainda mais análises.

2 comentários:

Alice Salles disse...

Pois é. Achei genial como eles fizeram uma satira do que é"cool" e "in" nos filmes americanos e acabaram com isso fazendo um filme "cool" e "in". Ironia do destino.

Paulo Barbosa disse...

Só.