29/04/2009

Outro dia, liguei a TV num momento de descuido (não faço isso há tempos) e estavam lá três escritores cinquentões, numa mesa-redonda, debatendo não lembro bem o quê. Como característica comum, exibiam três rotundas barrigas, provavelmente cevadas a muita cerveja, uísque e comida vagabunda, entremeadas a longos dias e noites a serviço da palavra, essa mãe bonita, mas terrivelmente madrasta. Veio-me então à cabeça a razão pela qual muita gente evita o ofício de escritor: medo de pegar barriga. Duvida? Então faça o teste. Passe um dia, um mês, um semestre, um ano, uma década diante da tela de um computador parindo palavras e confira o resultado. Se não tiver cultivado uma boa barriga, estará no mínimo flácido e pelancudo. Para piorar, você terá perdido o tesão de caminhar ou fazer exercício, pela simples e boa razão de que aquilo o fará passar preciosas horas distante do teclado. E, para quem vive da palavra, isso é uma verdadeira temeridade. Portanto, se quer escrever, pode desistir do corpicho e dar muitos vivas à velha e boa barriga!

28/04/2009

Querem saber o que realmente está causando a gripe suína? Deêm uma lida no artigo de um especialista no assunto, originalmente publicado no site SinPermisso e replicado no blog do Massote. A tradução, do espanhol para o português, é deste que vos fala: Gripe suína

26/04/2009

Informe de actividades y reflexión culinaria

Paso el tiempo mirando las nubes desde hace un mes y eso no es malo. No pratico más la sagrada caminada diaria desde 2007, cuando tuve un cierto problema en las rodillas que me previene de altos impactos con la pierna izquierda (siempre la izquierda). No hago deporte desde que mi vida ha cambiado para seguir la misma, tampoco estoy remotamente preocupado. No me doy con las sustraciones, sobretodo en especie, a veces fumo cigarillos y el viernes me emborracharé de nuevo. Me gusta el café sin azúcar por las mañanas y de pensar en la ominosa política, nacional o internacional, en el fondo, dos (mala)caras de la misma moneda. De momento, medito en lo que haré para comer en el almuerzo (?carne? ?macarrón? ?macarrón con carne?) y, sobretodo, si el verbo comer, en español, se aplica también para las cosas sexuales. Interesante todavía el hecho de que los españoles usan la misma palabra para “cozinha” y “fogão” (“cocina”). De ahora en delante, hay que tener más cuidado al se decir a una chica “séntate en la cocina que ya voy”).

25/04/2009


Deu na Folha: "Congressitas defendem salário maior em troca de transparência"

23/04/2009


Em primeira mão: a liminar para a desocupação do terreno próximo ao bairro Céu Azul, em Belo Horizonte, foi cassada pela Justiça. O terreno volta então a ser dos antigos moradores, que, organizados em movimento, derrotaram interesses poderosos. Parabéns à Ocupação Dandara!! Leiam mais no blog do Massote.

21/04/2009


Charge para ilustrar o artigo "O Juiz é meu amigo",do Massote

Carta para una bailaora de flamenco

Apreciada Antonia Moya
Escribo no para hablarte de tus ojos matadores, que, de muy cerca, volverían loco a un hombre desavisado como yo. Tampoco escribo para hablarte de mi, cuyas lamentaciones han sólo que calar ante tus danzas en technicolor. Escribo, pues, para decirte cómo me encanta verte disolver por las tres dimensiones del espacio y reunirte de nuevo a un giro, como si fueras el viento. Escribo para decirte cuánto me gusta – a mi y a quién se disponga a ir a tus altuaciones – verte bailar por los tablaos al sonido de las guitarras, síntesis plástica del movimento latente en la ancestral canción flamenca. Escribo para hablarte de la estupefacción de la que soy tomado al sentir la fuerza con que pisas la madera, como si pisaste las uvas para el vino bueno. Eres también, por supuesto, un ser lleno de dudas, deseos, ambiciones, debilidades y de toda la fascinante confusión que suéle llamarse mujer. Pero, a mi no interesan, acepta mis excusas, tus miedos, tus afliciones financieras, el pescado te toca comer para el almuerzo, la vida cotidiana en la que te encuentras inmersa y la que te asemeja a una mujer como otra cualquiera, aunque dotada de ojos matadores como dos afiadas espadas. Interesame más que, si tu existes y si hay un nombre para lo que haces, ese nombre es sueño, fauna, flora o vértigo y que soy, por fin, muy grato por los colores que diseñas en el éter, cuando te mueves por los tablaos estrechos del alma.

20/04/2009

Bomba!

Querem um furo? O Massote acaba de me contar que o processo contra o abominável deputado do castelo foi derrubado por suas deficiências técnicas. Na época em que o processo foi apresentado, o dito cujo contava ainda com foro privilegiado, razão pela qual o processo resulta inválido. A pergunta é: será que isso já não era de se esperar e fizeram o processo assim mesmo, sabendo que não daria em nada?
Penso em fazer uns quadrinhos com esse texto aí no pé. Haja tempo...

14/04/2009

Ocupação Dandara

Mandaram baixar o pau em 150 pessoas que ocupavam pacificamente uma região na periferia de Belo Horizonte. A ocupação era ordeira e mantinha a região a salvo dos traficantes, que procuram sempre dominar a população pobre de BH. A repressão à ocupação Dandara (foto) gerou protestos e um manifesto dos ocupantes daquela área, com vídeo no youtube e tudo mais. Mais detalhes no blog do Massote: Ocupação Dandara

13/04/2009



Versão em português do desenho abaixo.

12/04/2009

Almuerzo

Fragmentos de memoria 1: estoy en casa de mis tías para un almuerzo. Oigo la mayor deshilar su rosario habitual de quejas y enfermedades. Hablamos de los parientes que ya no vemos, de la crisis, de la recesión (palabra dicha como si fuera nueva), del viaje al Amazonas, de los mosquitos y de la mala suerte en general. Pasamos, por fin, a la mesa, soy confrontado con un plato de pescado, comido con hombría, sigo al arroz, a la torta, llegando al inevitable salpicón. Sobrevivo a todo eso, un cafecito y ellas charlan de como todo se queda mejor, malgrado la crisis, de como hace diez años tuvimos una etapa mucho más terrible. Finjo que creo, me despido con la contenida y necesaria efusividad y ya estoy en la calle. Hace frío, el cielo está gris, llueve. Paraguas: nunca me acuerdo de los paraguas.
Fragmentos de memoria 2: estoy en una librería cualquiera, pregunto por clasicos en español, segundo la chica no hay muchos, sólo versiones de Sidney Sheldon (!). Inútil preguntar por Cortázar. Recuerdo de los ojos de mi tía, extraños como los de un personaje de Cortázar: dos pelotas verdes y líquidas, agitandose, febriles (a veces, se les cae una lágrima – no de dolor o de llanto, a causa del polvo). De vuelta a la calle por la escalera mecánica, un hombre pide limosnas que no las daré. Pienso en el gran dibujo que nunca haré, en las mujeres que no tendré, en como me gustan las chicas de ancas largas, en como son irreales algunas que ya se fueron, en como no se debe pensar con el hígado para no peorar las cosas. Hace frío, el cielo nunca estuvo tan gris. Paraguas: nunca me acuerdo de los paraguas.


É na Itália, mas poderia ser aqui.

10/04/2009

Mais do lobo uivante! Vejam do que o homem é capaz...

09/04/2009

Querem saber do que eu gosto? Ouçam isto aqui (cigarro de palha e café ajudam na escutação): Howlin Wolf

Não é minha política copiar e postar coisas alheias, mas esta charge aqui ficou demais. Foi tirada do El país.

08/04/2009

Instruções para a HQ aí embaixo

A história "A morte do tabelião", que me deu muitas alegrias, deve ser lida de baixo pra cima. Cliquem na imagem e a página aparecerá grande. Gracias, gracias.

06/04/2009

Guz

Voz tonitruante, gargalhadas satânicas, óculos de lentes grossas, barriga proeminente, a perna esquerda com sérios problemas reumáticos. Guz é um tipo curioso de caricaturista, não apenas no aspecto físico. Em certo sentido, parece-se com o Lacarmélio, aquele quadrinista que sai por aí vendendo a si mesmo pelas esquinas, misturando atividade artística com publicidade. A exemplo do autor de “Celton”, Guz se auto-promove o tempo todo, exaustivamente, com bottons, cartões, sites, blogs na internet e até ímãs de geladeira. Suas caricaturas são reverentes, retratos bem-educados de seus modelos. Baseiam-se mais na relação entre artista e modelo, construída durante o trabalho, marcado pela conversa fluida e bem-humorada. E a sua prosa é, talvez, o que ele tem de melhor, eivada de palavrões e referências a mulheres, cheia de histórias pitorescas da ditadura militar, sempre com um olhar crítico para a caótica Belo Horizonte atual. Já os desenhos são os de um publicitário, mais que os de um caricaturista. Não por menos, vendem incrivelmente bem. Já fiz muita caricatura em boteco e sei como essa arte é difícil: as pessoas querem sempre “sair bem na foto”. Guz costuma fazer seus retratados melhores do que eles são. E também faz o lado palhaço que todos querem ver no cartunista. Resultado: ganha mais com a caricatura do que com a magérrima aposentadoria de engenheiro.

03/04/2009

Irrthum

Trabalhei com o Luciano Irrthum no "Tempo". Era um cara tão "sui generis" quanto seu nome, com aqueles dois estranhos erres no meio. Tudo que tocava virava desenho. Fazia-o infinitamente bem, sem medo de errar, numa produção vulcânica para o jornal. E era um cara ótimo, fino, desencanado, meio punk, muito boa praça, um dos melhores papos da redação. Um dia, chegou e me disse: "tomei duas caracus com ovo antes de vir trabalhar, cara!" A jornada massacrante no jornal provavelmente o obrigava a essas flutuações. Tinha de desanuviar, fosse desenhando, fosse batendo papo ou bebendo uma caracu com ovo. Certa vez, fez uma caricatura minha, com a tampa da cabeça levantada e uma outra figura sugando meu cérebro pelo canudinho. Era o retrato da exploração a que o jornal nos submetia. No ponto de ônibus, me segredou a versão da Bíblia em quadrinhos que tinha em mente desenhar: uma Bíblia à la Irrthum, punk, cheia de sexo, sangue, porrada e loucura (não muito diferente da original, é verdade, mas no desenho dele ficaria o máximo). Devo ao Irrthum saber hoje trabalhar com o Photoshop, programa que dominava como ninguém. Perdi o contato com ele, depois que saí do jornal. Soube que foi morar no interior, de onde tirou ainda mais inspiração para suas histórias malucas e seus desenhos barroco-lisérgicos. Recentemente lançou um revista, que ainda não li, mas que deve ser genial, como tudo do Irrthum. Descobri o site dele no blog do Alves, outro cartunista dos bons. Vale uma visita ao Irrthum . E depois comprem também a revista "A comadre do Zé", já nas bancas.