04/06/2008

Livros do mal

Há livros que modificam a vida das pessoas, e isso não é um clichê para vender best-sellers de auto-ajuda. Para o bem e para o mal (o que quer que seja bem e mal), determinadas obras são capazes de nos influenciar tão profundamente que nos esquecemos até mesmo de nossas referências anteriores. A tela demoníaca, de Lotte Eisner, que li em 2003, por exemplo, marcou decisivamente o meu modo de desenhar e de ver o mundo. Depois desse livro, passei de um traço underground (eu me gabava disso, vejam só) a um expressionismo dos mais sinistros. A tela demoníaca, como se sabe, é um clássico sobre o cinema expressionista do pós-guerra alemão. Nele, Eisner desvela a atmosfera que produziu um dos mais radicais estilos cinematográficos de todos os tempos. É um livro feito de augúrios, pesadelos, emanações mefíticas, visões de horror, de loucura, de morte e de desespero. É a anti-auto-ajuda por excelência, são as entranhas da alma alemã, mostradas com expressividade elevada ao seu grau máximo. Nunca mais fui o mesmo depois desse livro. Pior: na sequência ainda devorei De Caligari a Hitler, do Siegfried Kracauer, e As sombras móveis, do Luiz Nazário: deu no que deu. Quem avisa amigo é, não leiam esses livros!

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