14/05/2012

Greenaway e a morte do cinema

Greenaway é um agent provocateur. Um artista plástico que leva para a instituição cinema o germe da radicalidade artística contemporânea. Ei-lo aqui, em interessante entrevista, na qual faz outra de suas invectivas contra o cinema industrial, as quais já se tornaram a sua marca. Ao decretar a morte do cinema,  ele diagnostica, na verdade, a morte de um tipo de cinema, aquele de cuja existência dependeu todo um ritual de fruição, inseparável do cenário cultural do século XX. Os tempos agora são outros, e toda uma nova atitude em relação às imagens em movimento emergiu com o advento das tecnologias da informação. A internet, a imagem digital e o computador pessoal implodiram não só com hábitos culturais arraigados, mas também a estética do cinemão clássico. Greenaway, porém, faz questão de polemizar sempre que pode. E a estética clássica, bem como o hábito de entrar nas salas escuras para a "imersão diegética" do espectador continuará a existir, enquanto houver gente interessada nesse tipo de projeção. Greenaway sabe disso, embora não diga. A morte à qual ele se refere, portanto, não é a extinção pura e simples do cinema tal como o conhecemos no século XX. Mas a sua transformação em algo novo, em algo que desparece para que outra coisa surja em seu lugar. É isso aí.
Entrevista Greenaway

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