Se o Che lamentava que sua revolução tivesse
derivado no uso, por milhões de jovens mundo afora, de camisetas com a famosa
imagem de seu rosto cabeludo estampada em branco e preto, eu cá lamento o fato
de que essa boa moda hoje se precipita lentamente no oblívio. Nos últimos
tempos, não tenho visto ninguém usar as gloriosas camisetas com a foto do Che,
em plena tomada da Sierra Maestra, capturada pelo olho de Alex Korda num
momento de pura felicidade. A imagem está para o século XX assim como “A
revolução sobre as barricadas”, do pintor francês Eugène Delacroix está para o
século XIX: inseparáveis um do outro. Em golpes de luz e sombra, a Leika de
Korda logrou congelar, no tempo e no espaço, não apenas o clamor por mudanças
em todos os níveis da geração inconformista dos anos 60, mas também a grita por
um mundo, senão melhor, muito diferente, entoada por boa parte da humanidade ao
longo do século passado. Tudo bem que estamos no século XXI e os tempos são
outros. Tudo bem que a ação política não acabou. Mas me dá urticária ver que os
jovens de hoje preferem circular por aí com a efígie horrenda da Lady Gaga
estampada em cores berrantes nas camisetas do que com a foto em preto e
branco do velho e bom guerrilheiro argentino. Espero não seja este um sinal de que a utopia
está ficando fora de moda.
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