15/12/2010

Sepia

Toda culinária tem suas excentricidades. No interior de Minas, farofa de tanajura é considerado um fino repasto. Comparo a farofa de tanajura à sepia (sic), um molusco marítimo parecido com a lula, apenas um pouco maior. Sim, trata-se do animal do qual se extrai uma tinta semelhante ao nanquim (de polvo), uma tinta de cor sépia. Fui surpreendido com um prato de sepia a la plancha na mesa do bom restaurante El faro, por 10 euros. Pedi sem saber o que era. Confesso que, num primeiro momento, quis devolver aquelas duas hóstias grandes, brancas e meio duras, fritas em azeite. O primeiro pedaço me deu engulhos. Depois fui me acostumando ao exótico paladar do fruto do mar que, tirante o gosto de alho e sal, não sabe a absolutamente nada. Mastiga-se, mastiga-se, e a coisa mais parece cartilagem de frango em tablete. Mas, que diabo, a sepia é um alimento muito saudável: praticamente não tem gordura, é 80% proteína, tem cálcio, vitamina D, B e outras mais. Virei, pois, um adepto - com reservas - da sepia, até comprei uma bandeja para fazer na frigideira. Só não posso olhar para as ventosas que subsistem em alguns pedaços, para não me lembrar da farofa de tanajura...

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