20/03/2008

Ladrões de bicicleta

Na Itália do pós-guerra, colador de cartazes de cinema tem a bicicleta roubada e é impedido de trabalhar. O resto do filme gira em torno da busca obstinada do homem pela bicicleta, que metaforiza a passagem para uma vida melhor: sem ela, não há hipótese de futuro. A grande metáfora de Ladrões de bicicleta (1948), entretanto, está nas ruas, que De Sica filma de maneira magistral. Por aqui, circulam as almas esfoladas do que sobrou da Itália, finda a 2º Guerra. É por aqui também que vão transitar os desejos e aflições do povo, mantido a uma distância de segurança pelo cinemão de estúdio, hegemônico àquela altura. Atores não-profissionais, externas, luz natural: o neo-realismo quer a vida lá fora, quer o homem comum nas telas, com tudo que tem de simples e de complexo. Convidado a entrar, o povo gostou e foi ficando: o cinema nunca mais seria o mesmo a partir dali.

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